quinta-feira, 12 de abril de 2012

HADRIANUS

Quando nasci, minha mãe me abrigou sob um nome de imperador. Ainda criança, não me conformava com a força desse nome, e ela me recomendava: muito cuidado, meu filho, pois a vida é frágil e distraída como uma folha seca que voa no vento. Foi assim que, entre uma queda e outra, aprendi a andar. Foi assim que risquei o presente de um rio que corre sem margens, e um nó apertou-me a garganta feito um passado que a saudade afoga. Foi assim, enfim, que me perguntei sobre o que restou daquela luz, daquela prece desgastada que rogou por aquilo que desde a infância ainda não sou. 

6 comentários:

  1. Nós não somos muita coisa Adriano, que muitas pessoas enxergam em nós...sobretudo as mães!!! Esses seres dotados de um exagero bom, mais tão bom, que nos faz acreditar que somos capazes de ser, sem sermos. O mais difícil é descobrir que não somos e ainda assim a ouvir dizer o contrário...rs. Eu porém, concordo em grande parte com Dona Teresinha...acho que você é sim muito do que ela enxergou quando o viu nascer e quando teve a certeza que você entenderia a fragilidade e a distração que abarca essa "folha seca". Grande abraço!

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  2. Obrigado, Sandra, pelo carinho. Um abraço.

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  3. Um nome é importante Hadrianus, mas em você é que está a força... na sua sensibilidade, no rio de buscas "que corre sem margens", na retidão de caráter, no olhar profundo e ansioso por respostas que, muitas vezes, estão nas folhas secas levadas pelo vento...que deve perseguir para ser e se descobrir... Ouse! Sapere aude...

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    1. Obrigado, Mar, pelas palavras, pelo desafio... Você, sempre companheira, e como sempre, celebrando a vida. Abraços...

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  4. Além de significar imperador e cidadão proveninente da cidade de Adria da qual provem a denominação Mar Adriático, a palavra ADRIANO possui o anagrama RADIANO. Não por acaso, D. Teresinha sabiamente nomeou o filho que se destaca pela liderança e sabedoria inerente aos líderes e algo mais: a tal sensibilidade reluzente. Aquela em que se contagia por inteiro ao tempo que cria um campo cintilante e ao nos aproximarmos torna-se impossível não ver e sentir "daquela luz". E - me atrevo a dizer - talvez tenha recebido tal denominação para fazer jus a algo notório desde o seu nascimento. O ADRIANO! (rsrs)

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    1. Juli, muito lindo. Muito obrigado, querida.

      P.S: Curioso para ler seu poema, sua descoberta.

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